Uma história e os novos serviços em Salões de Beleza

Há três anos Lidiane fez um curso em São Paulo que abordava uma técnica de tratamento do cabelo. O tratamento dependia de um conjunto de produtos e, na oportunidade, Lidiane se encontrava em um momento financeiro complicado. Então decidiu guardar o conhecimento e não realizar o investimento. É correta a decisão, bem como a decisão poderia ser outra e, da mesma forma, correta. Muitas vezes diferentes decisões podem nos levar a semelhantes bons resultados, porque não há uma regra fixa, uma lei ou princípio que direcione uma decisão, mas é claro que, dentro de um contexto mais amplo, pode ser feita uma projeção das situações futuras. Vamos exemplificar.

Caso Lidiane fosse uma pessoa comercialmente ativa, engajada na incorporação de novos processos e procedimentos, veloz na implantação de novas propostas de serviços, pode ser que se ela comprasse os produtos, pudesse obter mais receita e, com isto, sairia da situação de dificuldade em menor prazo. Já ao contrário, se Lidiane fosse uma pessoa resistente às mudanças, tivesse um perfil pouco ou nada comercial, tomasse decisões de avanço do negócio de forma lenta e, ainda pior, fosse uma pessoa fácil de ser persuadida, a tendência é que a situação financeira ficasse ainda pior. A questão não seria, portanto, o serviço oferecido, mas a forma como ele foi tratado pelo empresário ou profissional.

No mercado de Salões há um equívoco generalizado, que para aumentar receita é fundamental e indispensável desenvolver serviços que dependam de produtos. Isto é uma parte da verdade, porque, tudo depende do como serão tratados os lançamentos de serviços pelos Salões e pelos profissionais. Um serviço não gera receita adicional somente por existir numa relação de serviços prestados. Tudo depende da comunicação que é realizada em torno dele. Alguns serão embalados pela mídia, outros terão que ser trabalhados pelo Marketing do Salão.

É nesse ponto que vem a sustentação da tese de que é possível obter receita adicional, sem nenhum novo produto, com novos serviços, por exemplo, baseados em mudança da estação. A indústria da moda funciona sobre o paradigma das estações. Então os cortes podem ser cortes de primavera-verão e outono-inverno, assim como as colorações e os tratamentos, mas esta oportunidade é pouco aproveitada. Os cortes de cabelo podem ter seus preços definidos pela estação, complexidade do trabalho, pelo resultado final, ou pela técnica utilizada, mas é praxe definir um único preço para o corte. Então os serviços ficam engessados e dependentes da indústria de cosméticos, que muitas vezes ultrapassa a barreira do bom senso e toma de assalto as finanças dos Salões, criando a expectativa de incremento de receita e de um resultado  futuro que frequentemente não se consolida.

O lançamento de novos serviços e a renovação da proposta comercial são elementos fundamentais para o incremento de receita e resultado de Salões de Beleza e, como pode ser visto, nem sempre isto depende da indústria de cosméticos.

Você pode estar perguntando: “o que Lidiane tem a ver com esta história?” A resposta é bem simples. Lidiane está cobrando R$ 300,00 pelo procedimento que aprendeu, guardou por três anos e agora decidiu “tirar da gaveta”. Está feliz porque em um dia faturou R$ 1.500,00 somente com ele. Sinal que conhecimento pode ser sempre aproveitado e que atitude na oferta de novos serviços faz muita diferença para o resultado de um Salão.

Nota: Lidiane é o nome fictício. A história foi extraída de uma situação real.